A Sónia fez-me lembrar que também eu neste dia várias vezes (fora de Lisboa, entenda-se) ia porta a porta pedir Pão por Deus. Havia uma diferença: ela ficava contente com os rebuçados, e eu com as moedas de cinco escudos, que na altura era dinheiro.
Até certo ponto tenho que ver a minha felicidade. Apesar da minha condição de criança da cidade, foi-me permitido viver e conhecer uma série de tradições que me poderiam ser alheias, dado ter sempre vivido em Lisboa, a não ser pelo Verão, em que ia para a praia.
Não é sem alguma pena que vejo como as crianças da cidade são hoje tão ignorantes dos hábitos ou costumes, que estão tão perto de nós, mas que não conseguimos ver. Referência a um dos muitos textos que o Manel escreve sobre esse assunto, e que vale a pena reflectir.
Verdade seja dita, também acho que existe uma grande falta de comunicação entre regiões e culturas. Várias vezes me aconteceu ir por esse país fora e quando alguém me pergunta de onde sou e eu respondo, ouço logo como resposta: 'Lisboa? Não gosto nada de lá!'
Acho que ninguém gosta de ver a sua terra insultada. Usam como desculpa que o pessoal de Lisboa tem a mania que é bom e isso dá azo à descrição de uma série de defeitos que os alfacinhas (regra geral, todos) têm que ter.
Eu sou alfacinha. Mas não tenho nem mais nem menos defeitos que um portuense, que um alentejano, que um algarvio, um transmontanto, um açoriano ou um madeirense.
Tudo isto por causa do Pão por Deus e para dizer que de facto, aqui em Lisboa, não tenho conhecimento que o façam. Mas não esquecemos algumas tradições. Como ir por flores ao cemitério, pelos nossos entes queridos, e a seguir fazer uma almoçarada com a família que ainda cá está.
segunda-feira, novembro 01, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário