segunda-feira, novembro 01, 2004

Cheira-me

Entrou agora mesmo pela janela aquele cheiro frio e húmido que traz lembranças de lareiras e noites geladas de céu estrelado.

O cheiro que torna as faces rosadas, pelo vento gélido, pela brisa gélida, de tardes em que as folhas douradas cobrem as ruas e que se mistura com o cheiro a castanhas assadas.

O mesmo cheiro que sabe tão bem acompanhado por um chocolate quente, ou numa esplanada onde lentamente se fica emperdenido, mas de onde se tem a vista mais bonita da cidade.

É o cheiro que fica nas cozinhas nas tardes de domingo, em que a avó prepara o chá com os scones, e o bolo vai cozendo lentamente no forno, enquanto se vai começando a tirar os enfeites de Natal para decorar a casa.

É o cheiro dos entardeceres em que se sai das aulas, debaixo de uma chuva agreste, entre a gritaria da criançada, os risos e as partidas. A corrida ligeira para casa, que quente nos recebe como um abraço, enquanto o gato olha para nós, de olhos ligeiramente abertos, se espreguiça e vem roçar o focinho na nossa cara, com um ronronar que parece dizer: 'demoraste, por onde andaste? Vai-te aquecer que me fazes frio!'

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