sábado, junho 12, 2004

Véspera de Santo António

De há algum tempo para cá, que sempre que chega Junho, me parece que continua tudo na mesma.

Dantes, parecia-me que toda a cidade aguardava, ansiosa, que começasse Junho, que viessem os feriados, que se celebrassem os santos populares.

Lisboa cheirava a manjericos, o sol era uma razão de festa, a cidade parecia vibrar de energia e alegria. Vinha aí a festa. Não importavam os males que nos assolassem. Ia haver festa.

De repente, tudo pareceu mudar. Deixou de haver cheiro de manjericos, o sol tornou-se duro, as andorinhas pareceram esmorecer na alegria. E a cidade pareceu deixar de vibrar. Junho assemelha-se a um princípio de Julho: balões pendurados nas ruas, mas de uma festa que passou. Ou pior, uma continuação de Maio, em que nada parece passar-se...

Lisboa pareceu perder a festa. A alegria.

As marchas passam na televisão, as noivas continuam a casar, mas tudo parece vazio...

Amanhã é dia de Santo António e de eleições. Vou cumprir a velha tradição de ir para Alfama passear, ver se recupero a magia que Lisboa tinha para mim, há algum tempo atrás, nestas alturas.

Ao menos o rio, reflectirá sempre o sol nos solarengos dias de Verão e algures, em São Pedro de Alcântara, continuarei a ouvir os sinos repicar nas tardes, longe do bulício.

Sem comentários: