domingo, março 28, 2004

Desabafo

Hoje não estou lá de muito bom humor
Porque é que a D. Lurdes não se candidata a Ministra das Finanças? Afinal, estamos a falar de uma senhora que consegue esticar o ordenado de 400 € do marido e governar uma casa o mês todo. A comprar pão, leite, carne, batatas, legumes, detergentes, e outras coisas necessárias para governar uma casa e ainda consegue ter os putos a estudar, vesti-los e alimentá-los. Quantos são lá em casa? Quatro... o que é que sabe quem ganha um ordenado de 2.500 € (suponho eu)? Certamente não vai às compras, muito menos sabe quanto custa o pão, os detergentes, o quanto tudo aumentou desde que a moeda mudou (menos os ordenados)...
Porque é que o Zé não é director da Carris? O Zé todos os dias apanha o autocarro, o metro, sabe o que é ser esmagado no meio dos outros Zés iguais a ele, sabe o que é ficar horas de pé, à espera de um transporte, sabe o que é andar horas a fio, a pé, num transporte, sabe o que é perder o último autocarro e depois ter de apanhar três para poder chegar a casa. O que sabe alguém que ocupa uma posição de topo, que só deve ter andado de transportes nas inaugurações para fazer bonito junto ao ministro e que se alguma vez tiver de o fazer, se perde certamente?
E porque é que não passa a ser a Teresa, quem decide quais as carreiras de autocarros que devem ser criadas, ou terminadas? A Teresa, que vive a mais de 20 minutos a pé de qualquer uma das estações de metro de Odivelas e do Senhor Roubado, que precisa de apanhar um transporte que dá uma volta imensa à cidade, porque alguns crâneos acharam que uma vez que há metro, se podem suprimir autocarros. Começa por um e quiçá acabam todos! Uma ideia brilhante. Esse génio deve certamente ter sido promovido. E com essa promoção comprou um carro melhor. O dele já estava velho com dois anos. E ele nem sequer pondera a possibilidade de andar de transportes públicos.
Porque é que não reduzem ao ordenado mínimo nacional, os vencimentos de todos os políticos que têm assento na Assembleia da República? Que sabe da vida real, quem dorme em cadeiras de couro? Como podem discutir o que sentem as pessoas, se só sabem ir à praça pedir beijos às peixeiras em tempo de eleições? Porque é que não passam recibo ao resto dos portugueses pelo ordenado que ganham? Afinal de contas, estão ou não estão a prestar um serviço à comunidade? Afinal de contas é ou não é o eleitorado quem lhes paga o ordenado? Divertem-se a aparecer na televisão, vetam decisões, impedem o país de chegar a qualquer lado, impugnam, chateiam, deitam areia para os olhos dos outros com lindas frases vazias, mas muito bem construídas. São momos a brincar com coisas sérias.
Porque é que não é obrigatória uma prova de aferição aos políticos? Porque é que não são obrigatórios testes psicotécnicos, a quem pensa que sabe e pode gerir um país?
Porque é que esta gente se cega com guerrinhas políticas, tal qual como no futebol, em vez de pensar que está mais do que na altura de chamar à responsabilidade aqueles que só fazem asneiras? Em vez de considerar que está mais do que na altura dos nossos políticos terem a humildade de aceitar o que o governo anterior fez de bem e com isso continuar para ver se de uma vez por toda chegamos a algum lado.
Porque é que o Governo não está interessado em que o país desenvolva? Porque é que não existe uma vontade de dar àqueles que têm potencial a oportunidade de fazerem alguma coisa pelo país, sem que tenham que ir para o estrangeiro provar o que valem? Porque é que se admite que seja a mediocridade a nivelar? Porquê tanto medo da competência?

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