sábado, fevereiro 04, 2006

Tempos modernos

Há uns anos atrás (nem há tantos quanto isso) as pessoas em Lisboa eram mais bem educadas.

Tinham o cuidado de não andar aos encontrões, tinham o cuidado de pedir desculpa se por ventura iam de encontro a alguém, tinha o cuidado de pedir licença se queriam passar, tinham o cuidado de ver quem estava ao redor delas se queriam parar no meio da rua.

Há uns anos atrás (nem assim há muitos) as pessoas em Lisboa tinham consideração pelas outras. Respeitavam filas e quem estava à frente, sabiam manter ordeiramente o seu lugar, sem tentarem passar à frente, davam o lugar nos transportes públicos a quem precisava.

Com os velhos sempre foi a mesma coisa, em nome da vetusta idade e dos rosários de doenças que gostam de desfiar, muitos sempre tiveram boas pernas para passar a correr à frente dos outros, abalroar quem lhes impedia o caminho, e alcançarem o seu lugar para poderem, então, queixar-se das suas mazelas.

Mas até havia gente razoavelmente decente. Fazia cerimónia com os outros, evitava invadir o espaço pessoal de cada um, havia um comportamente civilizado.

Actualmente isso tudo acabou.

As pessoas andam na rua, empurram-se, dão-se encontrões, nos transportes públicos encostam-se, para não dizer que se apoiam, sem o mínimo de consideração.

E não estou a falar em andar depressa, porque em Lisboa há quem ande devagar, no meio do passeio, porque o passeio é certamente seu, sem permitir que outros passem à frente.

E não me venham dizer que são as consequências de nos dias que correm, as pessoas não terem tempo para dar atenção aos outros.

Não. Não é uma consequência dos dias que correm e da falta tempo. É uma consequência de, de repente, as pessoas acharem que têm direito a tudo e não têm que pagar nada.

É uma consequência das pessoas não terem educação, estarem cada vez mais egoístas e cada vez menos sociais.

Agora chama-se a isso modernidade. Dantes chamava-se falta de educação. Mas há quem utilize uma belíssima expressão que se vai estendendo a cada vez mais pessoas: Grunhos.

Sem comentários: