segunda-feira, março 21, 2005

Con(e)du(ca)ção

Não tenho bem a certeza se o problema das estradas se resolve com um novo código. Porque em Portugal, a vergonha não é roubar, é ser apanhado. Por isso mesmo, o cometer a infracção não é grave, o que é grave é ser apanhado.

Pergunto-me se em vez de se investir num novo código da estrada, não será de investir em aulas de civismo a partir de tenra idade. Principalmente numa sociedade onde cada vez menos as pessoas têm noção das regras de estar com os outros.

Isso vê-se em todo o lado, na forma como andam na rua, aos encontrões, como passam à frente dos outros nos transportes públicos, no modo como nos tratamos uns aos outros. Cada vez menos vamos tendo a noção de que vivemos com outros. Cada vez mais só olhamos para o nosso umbigo.

A verdadeira forma de obrigar as pessoas a terem noção das barbaridades que fazem, seja ao volante, seja na rua, seja no emprego, seja onde for, não passa por regras punitivas, até porque, como já todos experimentámos, a maioria está a marimbar-se para isso.

Passa pela educação.

E nesta sociedade, vive-se das aparências, arranja-se um sotaquezito barato e tenta fazer-se passar por pessoa fina. Basta olhar para a Quinta das Celebridades, qualquer uma das suas versões, para ver do que é feito o jet-set. Mas aos olhos dos ignorantes e pouco brilhantes portuguezinhos, aquilo é que é ser importante.

Se nas escolas primárias houver o cuidado de dar a conhecer a diferença entre educação e novo riquismo, talvez comece a haver uma mudança positiva no nosso país.

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