segunda-feira, julho 26, 2004

Regresso

Depois de uma semana de puro relaxe, volto não apenas a casa, mas também à realidade, que durante sete dias me esforcei por ignorar.

Mas não há como ignorar o fogo que lavrava ao pé de Torre Novas, enquanto percorríamos a A1. Não há como ignorar as chamas, o calor, o fumo. De forma, talvez, pueril, assaltou-me o horror ao imaginar quantos animais morreram neste dia. Não só aqui, mas na Arrábida, em Monchique. De forma ainda mais pueril, revejo as imagens das pessoas nos carros, à beira da estrada, divididas entre a oportunidade de estarem em directo na televisão e o pânico do fogo que se aproxima. As imagens colhidas pela TV em que o entrevistado está a dizer ao jornalista e ao câmera para se afastarem, porque as chamas se aproximam. Imagens, sem dúvida, emocionantes. Ao mesmo tempo, implacáveis.

O país está em alerta laranja. Bela definição. Também concordo. Não pelos mesmos motivos. O país está em alerta laranja, porque mais uma vez, o fogo arrasa o nosso património natural. E apesar do calor, grave, sem dúvida, que mata e corrói, que dizer dos incêncios?

Apenas me chega que a maior preocupação do novo Ministro do Ambiente, é retratar-se do seu passado.

Poderão vir dizer que os incêndios deste Verão não foram piores que os do ano passado. Pois. Que resta ainda para arder?

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