Caro(a) Amigo(a),
Não consegui parar de ler a sua carta.
Não para me retratar por qualquer coisa que o senhor presidente tenha feito, mas porque foi impossível fazê-lo.
Concordo que algumas medidas eram benéficas ao país, pois dizem que o riso cura, e eu nunca me ri tanto.
Não percebo, no entanto, porque me diz que eu não costumo votar. Lamento, mas engana-se. Eu voto sempre. E também diz que não me dou bem com o sistema? Qual sistema? O que foi criado por si, ou o que já existia?
Admiro a forma como assume os seus defeitos, apesar de não poder concordar totalmente com o considerar-se o mais maltratado de todos, e incluir-me no grupo de maltratados.
Acho que há aí um pequeno equívoco, caro(a) amigo(a). Que a mim me maltratam, é um facto: pois todos os anos eu tenho que pagar impostos, taxas sobre aquilo que como e sobre aquilo que visto, não tenho um sistema de saúde digno do dinheiro que anualmente me obrigam a pagar, não tenho um sistema educacional que permita aos meus filhos poderem vir a ser alguém no futuro, a não ser que gaste mundos e fundos para os ter no ensino privado, e para conseguir viver numa casa, alugada ou não, levam-me o coro e o cabelo. Não tenho qualidade nem condições de vida. A diferença que existe entre nós os dois, é que o(a) caro(a) amigo(a) vive, aqui deste lado, sobrevive-se.
Queixa-se de maus tratos? Se por um lado as suas queixas se identificam com a idiosincrasia nacional, caro(a) amigo(a), por outro, pergunto-me se será esta uma nova maneira de fazer política, através da vitimização.
Caro(a) amigo(a) devia estar na hora de alguém assumir responsabilidades pelo que é feito. Mas isso não vai acontecer. É mais do que altura de nos deixarmos de acusações pelo que foi e não foi feito, de começar a olhar em frente e tentar fazer alguma coisa por todos. Olhar para o umbigo nunca foi solução.
Mas isto, caro(a) amigo(a), são apenas queixas. E são válidas para si e para todos.
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
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