Ali naquela região, jogava-se futebol, pelo prazer de jogar. As equipas eram compostas por verdadeiros amadores da modalidade, que quando terminavam os seus empregos, juntavam-se, às segundas e quintas, para os treinos e depois, aos fins de semana, quando era altura para isso, para jogos.
Eles não eram profissionais, mas jogavam com alma e dedicação e o jogo era uma festa. Os pequenos recintos dos jogos enchiam-se com a populaça que vinha assistir. Vestiam a preceito as cores de cada equipa, celebravam os parcos golos como nos estádios grandes nunca se vira. E todos os fins de semana, era o prazer do jogo que os levava ali, não as vitórias.
O árbitro, o bom do Zé, também não era um profissional. Às vezes perdia-se a olhar as moças nas bancadas e esquecia-se de apitar as faltas. A malta gritava: 'Oh Zé! Dá mas é atenção ao jogo!' e ele, corado e atrapalhado, lá ia apitando como podia, sem conseguir perceber quando era fora de jogo, nem pontapé de baliza. Mas a festa era o que importava. Nos dias de jogo, até o presidente da câmara vestia as cores do clube e punha a política de lado.
Até ao dia em que o avançado da equipa da casa se pôs de amores com a mulher do Zé. E desde esse dia, nunca mais ganharam um jogo. A bem ou a mal. E ninguém pensava em trocar o Zé, porque era o único sabia arbitar. Só havia uma alternativa: correr com o avançado. Assim o fizeram. Mas o jogo nunca mais foi o mesmo. Até porque o Zé, que nunca mais olhou para as moças na bancada, tampouco conseguiu perder aquele ressabianço. E foi o fim do jogo.
quarta-feira, janeiro 19, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário