No passado dia 13 de Junho, celebraram-se 116 anos sobre o nascimento de Fernando Pessoa. Eu aqui a celebrar o Joyce e deixo passar uma data destas. Um dos maiores poetas portugueses.
Aqui está ela, a Liberdade, daquele que considero a imagem da genialidade/loucura. Lúcido e hábil, pois consegue transmitir aos seus heterónimos, as várias facetas da personalidade de que era composto: o simples Caeiro, o rebelde Campos, o austero Reis. E depois ele, o Fernando Pessoa arauto de uma nova era, mordaz, místico, sonhador.
LIBERDADE
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
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