Alguém do New Statesman escreve sobre o Human Croquet de Kate Atkinson, que é 'A belly-laugh a page... Atkinson is a gifted storyteller'. Só concordo com a segunda frase. Para mim, Human Croquet está longe de ser uma barrigada de gargalhadas.
Ultimamente têm-me vindo parar às mãos livros de autores, aliás, autoras inglesas, profundamente desconcertantes. Border Crossing, de Pat Barker é um deles: uma novela onde se retrata a história de uma criança que assassina uma idosa e do psicólogo que a condena.
Já Human Croquet, é também uma experiência marcante. Desde episódios alucinantes, onde o tempo é de uma importância extraodinária, passando por momentos violentos, contados com um desprendimento, que por isso mesmo quase nos deixam gelados.
É também uma história de ironias, onde nada parece correcto, tudo parece ser o resultado de uma profunda injustiça. Mas também, quem disse que a vida é justa?
Parece-me que está a surgir uma nova geração de autores ingleses que trazem consigo uma reviravolta no cenário literário. Bridget Jones é, sem dúvida, o surgimento da nova heroína, mas de uma forma patética. Brilhantemente patética, entenda-se. Por outro lado, autores como David Lodge, a meu ver, já marcaram a sua presença. E outra está a surgir.
Talvez seja no universo feminino que esta nova tendência se regista. Onde ganha forma uma ternurenta crueldade, como expressão. Até mesmo em JK Rowling, e nos seus Harry Potter, nos apercebemos dessa tendência para não ocultar o que pode ser a realidade, ou para demonstrar uma outra visão dessa realidade.
A meu ver, Human Croquet é um livro fascinante: poético, hipnotizante, à vez divertido e chocante, triste e alegre. Ternurento e duro. Escrito de forma brilhante. Um exercício de inteligência.
Ps - A capa que aparece é da versão gravada, mas é igual à do meu livro. Por isso a adoptei.
sexta-feira, julho 16, 2004
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