Suponho que a maioria das pessoas anda descontente com a sua vida. Hoje, dois patetas, cada um no seu carro, parados no meio da estrada, trocavam insultos, com isso criando um caos maior no trânsito do que aquele que se vive no momento.
Gastavam o seu tempo em insultos e agressividades. A seguir, vão para um emprego, irritados com os acontecimentos da manhã, pensando que o dia já começou mal. E qualquer coisa que corra pelo pior, vão pensar 'que há dias em que não vale a pena sair da cama'. Têm tempo para gastar em infelicidades.
Claro que se todos fôssemos budistas, ou esperancistas, positivos ou qualquer filosofia do género, pensaríamos em tirar todo o proveito possível da vida. Mas andamos de tal modo embrulhados neste modus vivendi que não conseguimos pensar de outro modo. E não há interesse em fazê-lo de outro modo.
Vejamos, a publicidade é uma desgraça: numa altura de crise, andam a atirar-nos aos olhos, a preços fantásticos, produtos perfeitamente inúteis. Se alguns podem comprá-los, outros sentem-se frustrados por não poderem adquiri-los, porque não se podem dar ao luxo de gastar alguns trocos em futilidades. Não podem ser fúteis. E, logicamente, quanto menos as pessoas têm para gastar, mais se tenta vender. O círculo é vicioso. E muito pouco aliciante.
Pode culpar-se quem vive triste e frustrado e que tem como forma de exteriorizar tudo isso a agressividade, o dar atenção a pormenores que de outra forma talvez sejam ridículos? Ou estão as pessoas demasiado acomodadas a um estado de espírito, sem se questionarem, pensando, no entanto, que o fazem?
quarta-feira, maio 12, 2004
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