Os Abortos
Também não sou a favor do aborto. Acho que de forma alguma, uma mulher deveria por termo a uma vida. Ainda por cima que ela própria gerou. Mas compreendo que algumas mulheres tenham que o fazer. Compreendo o azar, a impossibilidade, a necessidade.
O que não compreendo é a inconsciência e a irresponsabilidade. A inconsciência de se ter relações, sem meios anti-concepcionais, se não se quer procriar, a irresponsabilidade de não se prever esse género de situações. Tãopouco compreendo o egoísmo, que associo à irresponsabilidade.
Ainda o outro dia, numa igreja de Lisboa, ouvi um padre falar acerca da preocupação do Estado, relativamente à educação sexual. Defendia ele, que o que se devia fazer era preocupar-se em ensinar às pessoas a importância do casamento e da procriação a partir dele. O padre, até tem alguma razão. Mas é apenas numa pequena parte da sua argumentação.
De facto é necessária a educação sexual no nosso país. Os tabús que regem a vida nacional, já foram um pouco longe demais. É incompreensível que num país, dito, do primeiro mundo, ainda haja mães adoloscentes, o número de infectados com o HIV cresça constantemente e que ainda se façam abortos na ilegalidade. Sem meios e sem condições.
É necessário que os jovens aprendam a responsabilizar-se pelos seus actos e para isso é necessário que lhes sejam dadas as ferramentas para poderem funcionar com a sua vida. Não é fechando os olhos, que eles vão deixar de cometer erros.
É necessário que as mulheres aprendam a dizer 'não' a uma relação sem meios anti-concepcionais, se não querem ter filhos. Porque o jogo da roleta russa é muito sério.
A prática do aborto não pode ser um crime. Porque se assim é, da mesma forma é um crime dar crianças para instituições, num país em que a burocracia só há pouco permitiu facilitar o processo de adopções. Da mesma forma é um crime não dar condições às crianças, para elas crescerem com tudo a que têm direito, com os respectivos progenitores e todo o afecto que merecem.
O problema neste país, é que existe um constante encolher de ombros e tudo se justifica como uma questão de azar. Não é azar uma menina engravidar aos 13 anos. É falta de conhecimentos. Falta de atenção. Falta de educação. Não é azar uma mulher de 30 anos engravidar, se não usou os meios anti-concepcionais necessários: é irresponsabilidade. É inconsciência.
Despenalizar o aborto? Acho que sim. Andam tantos por aí em liberdade...
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
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