Nos tempos que correm, a música clássica criou alguns tipos de público.
fase de formação básica inicial, que só vão a concertos ou a óperas para dizerem que vão, que não percebem nada do que é que se está a passar, se a música lhes agrada ou não, se a peça foi bem executada ou não, que deixam o telemóvel ligado durante os espectáculos e ainda o atendem para dizer: "eu já ligo! agora estou num concerto de música clássica. estão a tocar Bitóv".
os fase avançada na formação, que sempre foram a concertos, que têm uma cultura acima da média, e como tal sentem-se no direito de criticar tudo e todos. desde a organização do espectáculo, ao músico, ao compositor, ao público. está tudo mal, no tempo deles, em 1964, quando foram a paris ouvir a norma é que as coisas eram boas, e meu amigo! aquela callas era imbatível! este tipo prima pela particularidade de dar aos bracinhos e à cabeça quando alguém na audiência: tosse, se mexe na cadeira, respira fundo, respira, cruza as pernas, muda de posição...
os acompanhantes, que por uma razão que ninguém conhece, vão com os outros ao concerto e passam a maior seca da sua vida. não páram de falar, mudam de posição várias vezes, na cadeira, bocejam, esticam as pernas, cruzam-nas, encostam-se, reencostam-se, deitam-se, respiram fundo, suspiram, tossem, causando, essencialmente, grandes transtorno aos reaccionários. Quando acaba o concerto, dizem que adoraram, mas que a cadeira era desconfortável, a sala estava muito quente, a iluminação era má, não tinham espaço para por as pernas...
depois há o público que normalmente não arranja bilhete.
segunda-feira, junho 05, 2006
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