Ainda não percebi bem, se o que espanta mais as pessoas, é o facto de milhares de jovens portugueses aderirem tão pronta e abertamente a jornadas de oração, em demonstração de fé, se é precisamente o facto de repararem na necessidade que esta gente tem de acreditar em alguma coisa e ter, precisamente, na Igreja Católica, a resposta a esta necessidade.
O que eu considero verdadeiramente curioso é a forma como os mais novos vivem a religião, acreditando piamente nela e aderindo de forma tão espontânea a algo que para muitos de nós, parece falso, ou pelo menos hipócrita.
A verdade é que a Igreja Católica que alguns viam como a desaparecer sob o seu próprio peso e os seus próprios erros, ganhou sangue novo. Cabe-lhe a Ela, adaptar-se a esta nova realidade.
Muita desta gente nova que vai frequentemente à missa, muitos deles integrados em grupos católicos, vêm a religião de uma forma diferente daquela que nos foi apresentada e aos nossos pais. É uma forma mais saudável, a muitos deles é-lhes permitido gostar ou não gostar de certa oração, de viver a sua religiosidade de forma mais livre.
O que está aqui não é se é errado ou não ser católico e acreditar na Igreja. A meu ver, mais do que nunca, esta gente que aparece a seguir a nós, precisa de acreditar nalguma coisa. Principalmente porque a sociedade em que vivemos tem muito pouco para oferecer.
Pelo menos o facto de abraçarem uma religião, ou um credo, permite que tenham mais espiritualidade, ou valores espirituais.
A meu ver, cabe agora à Igreja livrar-se de certos preconceitos. Ela própria se adaptar à realidade em que vivemos. Perceber que o uso do preservativo não é pecar contra Deus, mas sim, proteger muito mais do que uma vida. Perceber que certos dogmas não se encaixam no século XXI porque a religião continuou arreigada às suas verdades, mas a vida das pessoas seguiu um outro rumo. Está mais do que na altura da Igreja assumir o papel de guia espiritual, em vez de regulador social. O Reino de Deus está nos Céus. A vida do Homem está na Terra.
quarta-feira, dezembro 29, 2004
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