Hoje não estou lá de muito bom humor
Porque é que a D. Lurdes não se candidata a Ministra das Finanças? Afinal, estamos a falar de uma senhora que consegue esticar o ordenado de 400 € do marido e governar uma casa o mês todo. A comprar pão, leite, carne, batatas, legumes, detergentes, e outras coisas necessárias para governar uma casa e ainda consegue ter os putos a estudar, vesti-los e alimentá-los. Quantos são lá em casa? Quatro... o que é que sabe quem ganha um ordenado de 2.500 € (suponho eu)? Certamente não vai às compras, muito menos sabe quanto custa o pão, os detergentes, o quanto tudo aumentou desde que a moeda mudou (menos os ordenados)...
Porque é que o Zé não é director da Carris? O Zé todos os dias apanha o autocarro, o metro, sabe o que é ser esmagado no meio dos outros Zés iguais a ele, sabe o que é ficar horas de pé, à espera de um transporte, sabe o que é andar horas a fio, a pé, num transporte, sabe o que é perder o último autocarro e depois ter de apanhar três para poder chegar a casa. O que sabe alguém que ocupa uma posição de topo, que só deve ter andado de transportes nas inaugurações para fazer bonito junto ao ministro e que se alguma vez tiver de o fazer, se perde certamente?
E porque é que não passa a ser a Teresa, quem decide quais as carreiras de autocarros que devem ser criadas, ou terminadas? A Teresa, que vive a mais de 20 minutos a pé de qualquer uma das estações de metro de Odivelas e do Senhor Roubado, que precisa de apanhar um transporte que dá uma volta imensa à cidade, porque alguns crâneos acharam que uma vez que há metro, se podem suprimir autocarros. Começa por um e quiçá acabam todos! Uma ideia brilhante. Esse génio deve certamente ter sido promovido. E com essa promoção comprou um carro melhor. O dele já estava velho com dois anos. E ele nem sequer pondera a possibilidade de andar de transportes públicos.
Porque é que não reduzem ao ordenado mínimo nacional, os vencimentos de todos os políticos que têm assento na Assembleia da República? Que sabe da vida real, quem dorme em cadeiras de couro? Como podem discutir o que sentem as pessoas, se só sabem ir à praça pedir beijos às peixeiras em tempo de eleições? Porque é que não passam recibo ao resto dos portugueses pelo ordenado que ganham? Afinal de contas, estão ou não estão a prestar um serviço à comunidade? Afinal de contas é ou não é o eleitorado quem lhes paga o ordenado? Divertem-se a aparecer na televisão, vetam decisões, impedem o país de chegar a qualquer lado, impugnam, chateiam, deitam areia para os olhos dos outros com lindas frases vazias, mas muito bem construídas. São momos a brincar com coisas sérias.
Porque é que não é obrigatória uma prova de aferição aos políticos? Porque é que não são obrigatórios testes psicotécnicos, a quem pensa que sabe e pode gerir um país?
Porque é que esta gente se cega com guerrinhas políticas, tal qual como no futebol, em vez de pensar que está mais do que na altura de chamar à responsabilidade aqueles que só fazem asneiras? Em vez de considerar que está mais do que na altura dos nossos políticos terem a humildade de aceitar o que o governo anterior fez de bem e com isso continuar para ver se de uma vez por toda chegamos a algum lado.
Porque é que o Governo não está interessado em que o país desenvolva? Porque é que não existe uma vontade de dar àqueles que têm potencial a oportunidade de fazerem alguma coisa pelo país, sem que tenham que ir para o estrangeiro provar o que valem? Porque é que se admite que seja a mediocridade a nivelar? Porquê tanto medo da competência?
domingo, março 28, 2004
Uma questao de(s)educação
Estamos a assistir a um fenómeno extremamente curioso. Não sei se será um problema apenas meu, se outros também estarão atentos ao mesmo.
Neste momento, sinónimo de educação é dinheiro... ou por outra: quem tem dinheiro tem educação. O que quero eu dizer com isto: os portugueses são dos povos mais mal educados que existem. Falta-lhes civismo, sensibilidade, respeito, e outras qualidades. Mas, isto não é assim, se o português for rico. Ou seja, a partir do momento em que tem dinheiro (o que se reflecte em carros, roupas, e uma postura um tanto ou quanto arrogante - que muitos identificam como 'estilo endinheirado') fica-se automaticamente habilitado a fazer tudo o que passar pela cabeça: desrespeitar normas de trânsito, por exemplo, o que se justifica perfeitamente, dado que um Audi tem, logicamente, mais prioridade que um Fiat Punto.
São estes portugueses ricos que consideram que o dinheiro traz educação, que normalmente impingem ao resto das massas os mesmos conceitos. E a arrogância passa a substituir a delicadeza e a falta de chá a verdadeira educação.
O mais curioso disto, é um fenómeno chamado Paula Bobone. Uma criatura que por ter um certo estatuto social, considera ser educada, e que tenta passar essa mesma 'educação' ao resto de crédulos que a acha uma verdadeira messias das boas maneiras. Paula Bobone é das criaturas mais mal educadas que existe. Mas devemos até respeitar as suas boas intenções. Não suponho que o seu intento seja ganhar dinheiro a explorar a massa de ignorantes ávidos de conseguir algum estatuto social, mas sim, em nome de um verdadeiro sentimento cristão, ensinar as gentes que vivem em carvernas, a portarem-se como seres humanos.
Mas o que deveria ser realmente curioso, é o facto de muito poucos se indignarem com aquilo que Paula Bobone faz: denegrir as pessoas. Mas não é nada curiosa essa falta de indignação, porque o nosso povo vive para e de aparências. Prefere ser insultado, a assumir que de facto é dele que se está a falar. Aparece bem vestido e não tem que comer. Fala com um sotaque estranho, para se tentar identificar num círculo a que não pertence. Tenta a fama, para tentar pelo menos, fazer parte de algum grupo, já que aquele a que ele ambiciona pertencer, está-lhe vedado.
A verdadeira educação deveria prender-se com o saber respeitar os próximos. Por exemplo: saber respeitar os outros condutores. Não andar obcecado com aprender a segurar uma xícara de café sem o mindinho espetado (confesso que nesta altura, já não sei qual deles é sinónimo de educação).
Neste momento, sinónimo de educação é dinheiro... ou por outra: quem tem dinheiro tem educação. O que quero eu dizer com isto: os portugueses são dos povos mais mal educados que existem. Falta-lhes civismo, sensibilidade, respeito, e outras qualidades. Mas, isto não é assim, se o português for rico. Ou seja, a partir do momento em que tem dinheiro (o que se reflecte em carros, roupas, e uma postura um tanto ou quanto arrogante - que muitos identificam como 'estilo endinheirado') fica-se automaticamente habilitado a fazer tudo o que passar pela cabeça: desrespeitar normas de trânsito, por exemplo, o que se justifica perfeitamente, dado que um Audi tem, logicamente, mais prioridade que um Fiat Punto.
São estes portugueses ricos que consideram que o dinheiro traz educação, que normalmente impingem ao resto das massas os mesmos conceitos. E a arrogância passa a substituir a delicadeza e a falta de chá a verdadeira educação.
O mais curioso disto, é um fenómeno chamado Paula Bobone. Uma criatura que por ter um certo estatuto social, considera ser educada, e que tenta passar essa mesma 'educação' ao resto de crédulos que a acha uma verdadeira messias das boas maneiras. Paula Bobone é das criaturas mais mal educadas que existe. Mas devemos até respeitar as suas boas intenções. Não suponho que o seu intento seja ganhar dinheiro a explorar a massa de ignorantes ávidos de conseguir algum estatuto social, mas sim, em nome de um verdadeiro sentimento cristão, ensinar as gentes que vivem em carvernas, a portarem-se como seres humanos.
Mas o que deveria ser realmente curioso, é o facto de muito poucos se indignarem com aquilo que Paula Bobone faz: denegrir as pessoas. Mas não é nada curiosa essa falta de indignação, porque o nosso povo vive para e de aparências. Prefere ser insultado, a assumir que de facto é dele que se está a falar. Aparece bem vestido e não tem que comer. Fala com um sotaque estranho, para se tentar identificar num círculo a que não pertence. Tenta a fama, para tentar pelo menos, fazer parte de algum grupo, já que aquele a que ele ambiciona pertencer, está-lhe vedado.
A verdadeira educação deveria prender-se com o saber respeitar os próximos. Por exemplo: saber respeitar os outros condutores. Não andar obcecado com aprender a segurar uma xícara de café sem o mindinho espetado (confesso que nesta altura, já não sei qual deles é sinónimo de educação).
segunda-feira, março 15, 2004
A Balbúrdia do Sul
Se o Presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, parece ter falhado no seu plano de devolver Lisboa aos lisboetas, ou pelo menos de atrair pessoas à cidade, até certo ponto foi bem sucedido. Aquele túnel não vai trazer apenas as pessoas à cidade, mas muito mais carros.
O antigo presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, que criou tantos parquímetros, deve estar a considerar, agora, a oportunidade que perdeu... mais carros, mais estacionamentos, mais dinheiro...
Infelizmente, trazer dinheiro à Câmara, ou a quem quiser, não vai ser obra fácil. Muito pelo contrário. Neste momento, e num verdadeiro espírito democrático, Pedro Santana Lopes parece ter achado que já que os carros não andam, pois então as pessoas não andarão. E assim se fez.
Hoje a Praça do Marquês de Pombal é um verdadeiro labirinto de caminhos e desvios. Para quem não tem muito que fazer, nomeadamente os turistas que vêm à descoberta, acredito que seja dos passeios mais entusiásticos, tentar atravessar a Praça Marquês de Pombal, hoje, e sabe-se lá até quando.
À boa maneira portuguesa, e nem de outra forma isto teria piada, os antigos caminhos estão cortados e vêm-se umas placas amarelas que têm escrito 'desvio', ela está lá... a placa, entenda-se... porque o desvio vai dar a um caminho sem saída. Em vez de indicar qual o caminho mais rápido para uma pessoa se mover, a sinalização limita-se a informar que existe um desvio. Onde vai dar, como vai dar, e se interessa ao peão, isso é um assunto que a ninguém diz respeito.
Ao pobre Marquês foi-lhe dado um papel muito sectarista, pois anda espalhado pela cidade, em folclóricos cartazes, indicando aos automobolistas (num tom deveras autoritário) qual o melhor caminho a escolher, ao passo que os alegre peões, que chegam à Praça Marquês de Pombal, e que àquelas horas da manhã não o devem estar muito, têm de adivinhar por sua própria conta qual o caminho a tomar.
E se dantes eram só os carros que ficavam presos naquela rotunda, hoje são todos. Um alegre festival de gente, que passa por cima de barreiras de cimento, que procura uma orientação e não sabe para onde se virar.
Melhor ainda é o facto de algumas paragens de autocarro terem sido mudadas para o outro lado da praça e nada ter sido informado... nem que as paragens se mudaram, nem para onde. O que leva a considerar um milagre, pois tal só se pode ter dado pela intervenção divina, que nunca explica as suas acções... ao contrário dos bons responsáveis dos nossos transportes públicos.
Durante anos, Lisboa foi um estaleiro. Este ano, Lisboa é uma confusão.
A preocupação com os automobilistas não é a mais aconselhável, nem sequer é a melhor solução. O túnel vai servir, essencialmente, quem vive fora de Lisboa. E quem vive fora da cidade, não vota nela.
Quem vive na cidade, e principalmente na zona do Marquês de Pombal, tem de levar diariamente com barulho, poeira, pessoas irritadas, e viver uma confusão permanente. E se calhar... esses votam na cidade... e se calhar... não precisam de um túnel para nada.
Se o Presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, parece ter falhado no seu plano de devolver Lisboa aos lisboetas, ou pelo menos de atrair pessoas à cidade, até certo ponto foi bem sucedido. Aquele túnel não vai trazer apenas as pessoas à cidade, mas muito mais carros.
O antigo presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, que criou tantos parquímetros, deve estar a considerar, agora, a oportunidade que perdeu... mais carros, mais estacionamentos, mais dinheiro...
Infelizmente, trazer dinheiro à Câmara, ou a quem quiser, não vai ser obra fácil. Muito pelo contrário. Neste momento, e num verdadeiro espírito democrático, Pedro Santana Lopes parece ter achado que já que os carros não andam, pois então as pessoas não andarão. E assim se fez.
Hoje a Praça do Marquês de Pombal é um verdadeiro labirinto de caminhos e desvios. Para quem não tem muito que fazer, nomeadamente os turistas que vêm à descoberta, acredito que seja dos passeios mais entusiásticos, tentar atravessar a Praça Marquês de Pombal, hoje, e sabe-se lá até quando.
À boa maneira portuguesa, e nem de outra forma isto teria piada, os antigos caminhos estão cortados e vêm-se umas placas amarelas que têm escrito 'desvio', ela está lá... a placa, entenda-se... porque o desvio vai dar a um caminho sem saída. Em vez de indicar qual o caminho mais rápido para uma pessoa se mover, a sinalização limita-se a informar que existe um desvio. Onde vai dar, como vai dar, e se interessa ao peão, isso é um assunto que a ninguém diz respeito.
Ao pobre Marquês foi-lhe dado um papel muito sectarista, pois anda espalhado pela cidade, em folclóricos cartazes, indicando aos automobolistas (num tom deveras autoritário) qual o melhor caminho a escolher, ao passo que os alegre peões, que chegam à Praça Marquês de Pombal, e que àquelas horas da manhã não o devem estar muito, têm de adivinhar por sua própria conta qual o caminho a tomar.
E se dantes eram só os carros que ficavam presos naquela rotunda, hoje são todos. Um alegre festival de gente, que passa por cima de barreiras de cimento, que procura uma orientação e não sabe para onde se virar.
Melhor ainda é o facto de algumas paragens de autocarro terem sido mudadas para o outro lado da praça e nada ter sido informado... nem que as paragens se mudaram, nem para onde. O que leva a considerar um milagre, pois tal só se pode ter dado pela intervenção divina, que nunca explica as suas acções... ao contrário dos bons responsáveis dos nossos transportes públicos.
Durante anos, Lisboa foi um estaleiro. Este ano, Lisboa é uma confusão.
A preocupação com os automobilistas não é a mais aconselhável, nem sequer é a melhor solução. O túnel vai servir, essencialmente, quem vive fora de Lisboa. E quem vive fora da cidade, não vota nela.
Quem vive na cidade, e principalmente na zona do Marquês de Pombal, tem de levar diariamente com barulho, poeira, pessoas irritadas, e viver uma confusão permanente. E se calhar... esses votam na cidade... e se calhar... não precisam de um túnel para nada.
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