domingo, janeiro 29, 2006

Neve

Não batem leve, nem levemente
mas todos chamam por mim...
Bem sei que é gente
Porque fosse chuva de repente
ninguém gritava assim...
juntamente com a ventania
que há pouco há poucochinho
bulia e sacudia
a quieta melancolia
deste desfolhado caminho.
Fui ver
a neve caía
do branco, o cinzento do céu.
Há quanto tempo eu não a via...
e que memórias, meu Deus!

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Um erro de cálculo

A culpa não foi deles. Estavam ali encostados à parede. A noite não prometia, até porque estava toda a gente a pé.

Às tantas começaram a ouvir uma berraria, e pensaram "tamos feitos, é uma rusga!", ficaram ali, atentos, à espera de ver a polícia a aparecer, mas o que vinha por ali fora era uma marabunta desenfreada, toda aos gritos, de braço no ar a gritar: "Cavalo! Cavalo!".

Eles nem queriam acreditar! Até que enfim que esta malta acordava e ganhava juízo e se punha a reclamar por uma coisa que valia a pena.

Meteram-se no meio do magote, também eles a gritar "Cavalo! Cavalo", aproveitaram para filar umas carteiritas e tal, e quando a marabunta parou, lá nos jardins... às tantas, assim, do nada... eles perceberam que se tinham enganado.

Mas olha... pelo menos tinham ganho a noite.

domingo, janeiro 22, 2006

Voto in Util

Nunca gostei da ideia do voto útil.

Ter que votar em alguém, para impedir que outro ganhe é irritante. É escolher um mínimo denominador, é não dar às pessoas em quem acreditamos a possibilidade de fazerem alguma coisa.

O voto útil, para mim, funciona como uma escabrosa chantagem.

Mas mais anugstiante ainda é a ideia de que há pelo menos 30 anos que o nosso povo não tem alternativa senão votar nesse mínimo denonimador...

Virá de há esses trinta anos, a famosa expressão "do mal o menos?".

Hoje não votei em quem queria. Também porque não havia ninguém em quem quisesse votar. Mas votei. Votei em alguém... Mas foi um voto inútil.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

E desta vez vou votar

Que é para ser do contra!

terça-feira, janeiro 17, 2006

E agora?

Acabei de ler o terceiro de cinco da trilogia do Hitchiker's Guide to the Galaxy. Estou com pouca vontade de ir comprar os outros dois que faltam e lê-los à velocidade a que li este...

Há livros que doem.

Vou pegar noutra coisa qualquer.

domingo, janeiro 15, 2006

Era bom

Que despachássemos as eleições e passássemos a assuntos realmente sérios.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

A ouvir o Garcia Pereira

É fantástica a diferença que faz ouvir alguém que como não tem nada a perder, realmente diz o que pensa e muito possivelmente o que muita gente pensa, sem andar a recorrer a posturas, ou discursos politicamente correctos...

A confusão que se cria à conta de nestas eleições os candidatos à presidência da República quererem todos resolver a crise...

Acho que se perdeu a noção das coisas.

Gostava de ver o que aconteceria, caso houvesse um volte-face, e Garcia Pereira ganhasse as eleições...

Quando se descobriu que a terra treme

E mais curioso ainda, é que não se descobriu que a terra deve tremer todos os dias...

Mais, ainda mais curioso! Descobriu-se que a terra treme em locais diferentes daquele em que é costume...

Mas verdadeiramente assombroso é descobrir que é 'natural' que a terra trema...

E mais ainda, descobrir que Portugal está sobre uma faixa sísmica, o que implica que:

1 - a terra trema

2 - estejamos sujeitos a serios tremores de terra

E de repente, toda a gente fala disso.

Viva o conhecimento!

terça-feira, janeiro 10, 2006

Momentos

de Stefano Landi

Tocado por: L'Arpeggiatta

Cantado por: Marco Beasley


Augellin

Che ‘l tuo amor
Segui ogn’hor
Dal faggio al pin;
E spiegando i bei concenti
Vai temprando
Col tuo canto i mei Lamenti.


Il mio Sol troppo fier,
Troppo altier
Del mio gran duol
Clori amata, Clori bella
M’odia ingrata
A’miei prieghi empia e rubella.


Non sia più
Cruda no,
Morirò
S’ella è qual fù;
Taci, taci, che già pia
Porge i baci,
Al mio labro l’alba mia.


Há momentos que não se descrevem... ouvem-se e sentem-se.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Viagens

Tenho sempre a surpresa, e com isso o prazer, de, assim que abro um livro, instantaneamente me ver noutra realidade.

Não é preciso muito, é um momento único, aquele em que, esteja onde estiver, num comboio, num café, num banco de jardim, assim que começo a ler, automaticamente o mundo em meu redor se transforma.

O cenário altera-se, bruscamente, sem que por vezes me dê conta, e quando dou por mim, estou num sítio totalmente distinto, com calor em pleno Inverno, a apanhar chuva em dias de Sol ou a sorrir no meio da tensão do dia-a-dia.

Não me perturba essa alteração súbita. Pelo contrário, agrada-me. Dá-me sempre a sensação, quando fecho o livro, que fiz uma grande caminhada, de um mundo em algum lado, longe, agradável, o qual visito sempre que possível, e sem grandes dificuldades, porque as suas portas estão-me sempre abertas.

Os livros são para mim a fuga do dia-a-dia. O momento em que, livremente, estou onde quero, o tempo que quero, com ou sem companhia, conforme me quero envolver, ou não, com as personagens.

Os livros podem muito facilmente tornarem-se vícios.

domingo, janeiro 01, 2006

Os aumentos de ano novo:

Alguém que me explique uma :

o plano para acabar com a crise em Portugal, passa por acabar com os portugueses?

isto é um déja-vu